Bispos consideram que a credibilidade da Igreja está em risco.
250 bispos estão reunidos para discutir temas de 'família' até 19 de outubro.
O Sínodo dos Bispos sobre a família realizado nesta semana no Vaticano permitiu nos últimos dois dias que fosse feita "uma troca intensa e apaixonada" de opiniões sobre a questão da comunhão para divorciados que se casam novamente, com dois grupos expressando posições opostas, informou o Vaticano.
A 3ª Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos sobre a Família começou no último e terminará no dia 19 de outubro, com a beatificação do papa Paulo VI.
A 3ª Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos sobre a Família começou no último e terminará no dia 19 de outubro, com a beatificação do papa Paulo VI.
Os 250 participantes do Sínodo discutem situações difíceis relacionadas às novas realidades familiares. As 45 intervenções centraram-se, em sua maioria, na controversa questão do acesso à comunhão para divorciados que voltaram a casar e quase não citaram a homossexualidade.
De acordo com a jornalista da Rádio Vaticano Romilda Ferrauto, responsável por informar a imprensa sobre os debates respeitando o anonimato dos participantes, alguns bispos "pensam que todo o edifício pode entrar em colapso", e que o remédio seria "pior que a doença" em caso de abertura, ainda que mínima.
Do outro lado, outros consideram que "a credibilidade da Igreja está em risco, já que poderia perder o contato com os fiéis" se não autorizar caso por caso a comunhão para divorciados recasados.
"Nós não estamos aqui para arrancar ervas daninhas, mas para semear", declarou um cardeal.
"Não podemos colocar no mesmo saco os que foram injustamente abandonados e aqueles que abandonaram injustamente", insistiu outro.
Ferrauto ressaltou, no entanto, que todos os membros do Sínodo defendem a indissolubilidade do casamento e nenhum religioso defendeu o acesso a todos os divorciados novamente casados à comunhão.
Segundo Ferrauto, a grande maioria entre os dois grupos não se pronunciou, mas apela para a busca de soluções práticas: grupos de apoio familiar, pastoral da família, preparação para o matrimônio, alívio das regras de anulação ante os tribunais eclesiásticos etc.
Criticando a ideia de que a abertura aos divorciados poderia reconciliar as famílias com a Igreja, um prelado comentou: "Será que não estamos passando um pano nos móveis para remover a poeira enquanto há uma tempestade de areia lá fora?".
Para ele, informou Ferrauto, a crise da fé em muitas famílias é muito mais profunda: não há oração em casa, nenhuma prática na igreja, nenhuma transmissão da fé...
O cardeal Francesco Coccopalmerio, presidente do Pontifício Conselho para os Textos Legislativos, citou, por sua vez, o exemplo de uma católica praticante que se casou com um pai de três crianças abandonado por sua primeira esposa.
Como seu marido, a mulher muito religiosa foi excluída da comunhão. "Não podemos obrigá-la a escolher entre a igreja e este homem e essas crianças", observou ele.
Nenhum comentário:
Postar um comentário