terça-feira, 3 de maio de 2016

Por que gesticular ao falar nos ajuda a pensar melhor?

gesticular



Seus gestos não servem apenas para se comunicar com os outros, mas com você mesmo também.
Não é nenhum segredo que nós rotineiramente usamos as mãos e outras formas de linguagem corporal para nos comunicar com os outros, mas a novidade é que não gesticulamos apenas para transmitir informações para os outros; nós também gesticulamos para nós mesmos. Por exemplo, gesticulamos enquanto falamos ao telefone, mesmo que a outra pessoa não possa ver-nos.

Por quê?
Parece que os gestos nos ajudam a pensar e, mais importante, eles nos ajudam a pensar de forma diferente do que seria se falássemos sem gesticular.
Um aspecto interessante do gesto é que a informação transmitida com as nossas mãos, muitas vezes não é encontrada em qualquer lugar do discurso que o acompanha. Desta forma, o gesto reflete pensamentos que os falantes não podem sequer saber que têm.
Como o gesto pode mudar a nossa mente? Uma ideia é que os gestos na verdade são apenas o resultado de uma simulação mental das atividades que executamos. Gestos dão vida aos nossos rabiscos mentais, o que nos permite realizar performances com as mãos antes de termos que executá-las na vida real, ou antes de transformá-las em palavras.
Quer um exemplo? Peça para alguém falar sem usar uma letra qualquer, ou adotar um vocabulário obscuro, e as mãos vão voar para lá e para cá. Já existem evidências científicas desta relação entre gestos e formação das frases. Um estudo, por exemplo, mostrou desenhos do Tom e Jerry, e depois pediu que os participantes descrevessem as cenas que viram. Os que tinham uma memória verbal mais pobre, mesmo tendo um bom vocabulário, eram os que mais tinham mais tendência a usar gestos ao recontar os trechos do desenho.
E por que isto? Os psicólogos chamam o processo de produção da fala de “pensar para falar”, ou seja, organizar uma ideia em frases e palavras e em sons. Os gestos ajudam a organizar os pensamentos, e quanto mais complicado o “pensamento para falar”, mais “batemos as asas”.
Mas se gesticular é tão útil, por que não gesticulamos o tempo todo? Maureen Gillespie, uma das pesquisadoras do assunto, relata que o motivo não é claro. Parece que, a certo ponto, nós atingimos um limite, a partir do qual as mãos não conseguem mais recuperar informações.
E isto não quer dizer que não é possível treinar para usar gestos e se tornar mais eficiente nisso. Crianças, por exemplo, podem aprender a usar gestos para lhes ajudar a resolver problemas de matemática ou criar novas estratégias de resolução de problemas. Ainda não houveram estudos sobre o assunto em relação a adultos.
O campo ainda está aberto a pesquisas, e talvez um dia alguém descubra que a gesticulação influencia nosso pensamento, já que alguns estudos mostraram que há relação entre a gesticulação e a memorização de informação espacial ou visual, ou até mesmo que nos ajuda a ter empatia.

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