segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Santo do dia 30.09 - São Jerônimo


São Jerônimo, declarado pela Igreja como o padroeiro de todos os que se dedicam ao estudo da Bíblia

Neste último dia do mês da Bíblia, celebramos a memória do grande “tradutor e exegeta das Sagradas Escrituras”: São Jerônimo, presbítero e doutor da Igreja. Ele nasceu na Dalmácia em 340, e ficou conhecido como escritor, filósofo, teólogo, retórico, gramático, dialético, historiador, exegeta e doutor da Igreja. É de São Jerônimo a célebre frase: “Ignorar as Escrituras é ignorar a Cristo”.
Com posse da herança dos pais, foi realizar sua vocação de ardoroso estudioso em Roma. Estando na “Cidade Eterna”, Jerônimo aproveitou para visitar as Catacumbas, onde contemplava as capelas e se esforçava para decifrar os escritos nos túmulos dos mártires. Nessa cidade, ele teve um sonho que foi determinante para sua conversão: neste sonho, ele se apresentava como cristão e era repreendido pelo próprio Cristo por estar faltando com a verdade (pois ainda não havia abraçado as Sagradas Escrituras, mas somente escritos pagãos). No fim da permanência em Roma, ele foi batizado.
Após isso, iniciou os estudos teológicos e decidiu lançar-se numa peregrinação à Terra Santa, mas uma prolongada doença obrigou-o a permanecer em Antioquia. Enfastiado do mundo e desejoso de quietude e penitência, retirou-se para o deserto de Cálcida, com o propósito de seguir na vida eremítica. Ordenado sacerdote em 379, retirou-se para estudar, a fim de responder com a ajuda da literatura às necessidades da época. Tendo estudado as línguas originais para melhor compreender as Escrituras, Jerônimo pôde, a pedido do Papa Dâmaso, traduzir com precisão a Bíblia para o latim (língua oficial da Igreja na época). Esta tradução recebeu o nome de Vulgata. Assim, com alegria, dedicação sem igual e prazer se empenhou para enriquecer a Igreja universal.
Saiu de Roma e foi viver definitivamente em Belém no ano de 386, onde permaneceu como monge penitente e estudioso, continuando as traduções bíblicas, até falecer em 420, aos 30 de setembro com, praticamente, 80 anos de idade. A Igreja declarou-o padroeiro de todos os que se dedicam ao estudo da Bíblia e fixou o “Dia da Bíblia” no mês do seu aniversário de morte, ou ainda, dia da posse da grande promessa bíblica: a Vida Eterna.
São Jerônimo, rogai por nós!

domingo, 29 de setembro de 2019

Santo do dia 29.09 - Santos Arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael


Miguel, Gabriel e Rafael amigos, protetores e intercessores que do Céu vêm em nosso socorro

Com alegria, comemoramos a festa de três Arcanjos neste dia: Miguel, Gabriel e Rafael. A Igreja Católica, guiada pelo Espírito Santo, herdou do Antigo Testamento a devoção a estes amigos, protetores e intercessores que do Céu vêm em nosso socorro pois, como São Paulo, vivemos num constante bom combate. A palavra “Arcanjo” significa “Anjo principal”. E a palavra “Anjo”, por sua vez, significa “mensageiro”.
São Miguel
O nome do Arcanjo Miguel possui um revelador significado em hebraico: “Quem como Deus”. Segundo a Bíblia, ele é um dos sete espíritos assistentes ao Trono do Altíssimo, portanto, um dos grandes príncipes do Céu e ministro de Deus. No Antigo Testamento o profeta Daniel chama São Miguel de príncipe protetor dos judeus, enquanto que, no Novo Testamento ele é o protetor dos filhos de Deus e de sua Igreja, já que até a segunda vinda do Senhor estaremos em luta espiritual contra os vencidos, que querem nos fazer perdedores também. “Houve então um combate no Céu: Miguel e seus anjos combateram contra o dragão. Também o dragão combateu, junto com seus anjos, mas não conseguiu vencer e não se encontrou mais lugar para eles no Céu”. (Apocalipse 12,7-8)
São Gabriel
O nome deste Arcanjo, citado duas vezes nas profecias de Daniel, significa “Força de Deus” ou “Deus é a minha proteção”. É muito conhecido devido a sua singular missão de mensageiro, uma vez que foi ele quem anunciou o nascimento de João Batista e, principalmente, anunciou o maior fato histórico: “No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré… O anjo veio à presença de Maria e disse-lhe: ‘Alegra-te, ó tu que tens o favor de Deus’…” a partir daí, São Lucas narra no primeiro capítulo do seu Evangelho como se deu a Encarnação.
São Rafael
Um dos sete espíritos que assistem ao Trono de Deus. Rafael aparece no Antigo Testamento no livro de Tobit. Este arcanjo de nome “Deus curou” ou “Medicina de Deus”, restituiu à vista do piedoso Tobit e nos demonstra que a sua presença, bem como a de Miguel e Gabriel, é discreta, porém, amiga e importante. “Tobias foi à procura de alguém que o pudesse acompanhar e conhecesse bem o caminho. Ao sair, encontrou o anjo Rafael, em pé diante dele, mas não suspeitou que fosse um anjo de Deus” (Tob 5,4).
São Miguel, São Gabriel e São Rafael, rogai por nós!

sábado, 28 de setembro de 2019

Santo do dia 28.09 - São Venceslau


São Venceslau, governou com justiça e conquistou o coração do povo

O santo que nos ensina com sua opção pelo Reino de Deus e de vida constante na luta para a santidade, é o príncipe Venceslau. Sua história se entrelaça com a vida e fé da família real. Nasceu em 907. Seu pai, Vratislau, era duque da Boêmia.
O pai e sua avó eram cristãos fervorosos, ao passo que sua mãe era uma pagã ambiciosa e inimiga da religião. São Venceslau foi educado pela avó (Ludmila), por isso cresceu religioso e muito caridoso para com os pobres, enquanto seu irmão educado pela mãe (Boleslau) tornou-se violento e ambicioso.
Com a morte do pai e pouca idade do santo herdeiro, a mãe má intencionada assumiu o governo. Sendo assim tratou de expulsar os missionários católicos. O povo revoltado, juntamente com os nobres pressionaram o príncipe para assumir o governo e com o golpe de estado Venceslau assumiu em 925.
Nos oito anos de reinado, Venceslau honrou a fama de “O príncipe santo”. Logo que assumiu o trono, tratou de construir igrejas, mandou regressar os sacerdotes exilados, abriu as fronteiras aos missionários da Suábia e da Baviera. Venceslau governou com tanta justiça e brandura que com pouco tempo conquistou o coração do povo que o amava e por ele era concretamente amado: protetor dos pobres, dos doentes, dos encarcerados, dos órfãos e viúvas. Verdadeiro pai.
Este homem que muito se preocupou com a evangelização do povo a fim de introduzir todos no “sistema de Deus”, era de profunda vida espiritual mas, infelizmente, odiado pelo irmão Boleslau e pela mãe, que além de matar a piedosa sogra – educadora do santo -, concordou com a trama contra o filho.
Quando nasceu o primogênito de Boleslau, São Venceslau foi convidado para um solene banquete onde foi pensando na reconciliação de sua família. Tendo saído para estar em oração, na capela real, foi apunhalado pelo irmão e pelos capangas dele. Antes de cair morto, São Venceslau pronunciou: “Em tuas mãos, ó Senhor, entrego o meu espírito”. Isto ocorreu em 929.
São Venceslau, rogai por nós!

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

50 anos do maior acidente aéreo de Londrina



Voo VASP 555 (ICAOVASP 555) foi uma rota comercial doméstica do Brasil operada pela companhia brasileira VASP, que realizava o percurso Campo Grande a São Paulo, com escala em Londrina.
Às 18:30 de 14 de setembro 1969, o avião Douglas C-47B-45-DK prefixo PP-SPP decolou de sua escala prevista no aeroporto de Londrina rumo ao aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Porém, na divisa entre Paraná e São Paulo, já na metade do percurso, na altura da cidade de Ourinhos, os pilotos perderam o motor esquerdo da aeronave. Essa situação, somada também às más condições climáticas naquele momento em São Paulo, motivou o comandante Jorge Menezes Valadão a declarar emergência e a retornar ao aeroporto de Londrina. Após abortar a sua primeira tentativa de pouso, e durante a sua arremetida, os pilotos não conseguiram ganhar altitude, a aeronave fez curva acentuada à esquerda e entrou em estol, caindo em seguida a 1 km da pista. Com a queda e a subsequente explosão todas as 20 pessoas a bordo morreram, entre tripulantes e passageiros.

O Voo VASP 555 era uma rota doméstica operada pela companhia brasileira VASP, que envolvia o percurso entre Campo Grande a São Paulo, com uma escala em Londrina. O Douglas da VASP decolou de Londrina para São Paulo às 18h30 de um domingo, em 14 de setembro de 1969, realizando o último segmento do Voo Vasp 555, que se iniciara em Campo Grande, na manhã daquele mesmo dia. Estavam a bordo 14 passageiros e 6 tripulantes, cujo voo era comandado por Jorge Menezes Valadão, auxiliado pelo co-piloto Bem Hur Queiroz, radiotelegrafista Gilberto Augusto Monteiro e comissários Anibal Ferreira, Iva Bella Lylyio Jr. e Waldermar Portela Lopes. Na altura da cidade de Ourinhos, o motor Pratt & Whitney R-1830-90C do lado esquerdo começou a falhar e os pilotos decidiram desligá-lo e embandeirar a sua hélice, isto é, numa posição em que ela ficou imobilizada para não causar arrasto.
Como as condições meteorológicas do Aeroporto de Congonhas não eram favoráveis e já era noite, o cmte. Valadão então declarou emergência e retornou à Londrina, onde o tempo era bom. Após 50 minutos, o Douglas PP-SPP se aproximava em condição monomotor da pista 12 (atualmente, pista 13) de Londrina. Nesse momento, as emissoras de rádio de Londrina ficaram sabendo da situação e passaram a noticiar o drama do voo da Vasp. Valadão teria também realizado apelos dirigidos aos rádio amadores da cidade dando conta da situação do voo e da necessidade de um pouso de emergência, que precisava ser auxiliado com faróis de automóveis dispostos ao lado da pista do aeroporto, que na época não era equipado para pousos noturnos.
A torre de controle acionou os bombeiros da cidade, que então passaram a aguardar o pouso do Douglas C-47 ao lado da pista. Sem outra referência a não ser as luzes de balizamento, o cmte. Valadão efetuou uma aproximação alta demais e com muita velocidade. O piloto chegou a tocar no último terço da pista que na época era de 1.600 metros, mas, temendo não conseguir parar o avião antes do final da pista, decidiu arremeter para executar nova aproximação. Porém, nesse momento, o avião estava em baixa velocidade e na tentativa de arremeter não conseguiu obter potência suficiente para ganhar altitude, ultrapassou a cabeceira da pista, iniciou uma curva acentuada à esquerda (lado do motor avariado), entrou em Estol e, por fim, caiu e explodiu em seguida, a 1 km da cabeceira da pista, em local do então Horto Florestal de Londrina, atual Jardim Monterrey, zona leste da cidade. A queda deixou 1 ferido com gravidade e 19 mortos, entre tripulantes e passageiros. Porém, o comissário Anibal Ferreira, ferido gravemente na queda, veio a falecer posteriormente no Hospital Santa Casa da cidade.
Segundo relatórios, durante a arremetida o avião estava abaixo da velocidade mínima de controle monomotor (VMC), de 88 mph, o que motivou a guinada à esquerda e o estol, fazendo a aeronave bater no solo quase de dorso.
João Garcia, funcionário de uma cervejaria naquela cidade, foi uma das primeiras pessoas a chegar ao local da queda. Conforme os seus relatos: “Estava em minha residência, por volta das 20:30, vendo televisão, quando ouvi uma explosão aproximadamente a 600 metros de distância. Julguei que fosse algum transformador do tipo existente na cervejaria e sai correndo de casa para verificar, pois moro logo ao lado da industria. Foi quando notei as labaredas que vinham do Horto Florestal. Quando lá cheguei, havia diversos corpos presos nas ferragens, e meia dúzia de pessoas socorria o único sobrevivente, que fora “cuspido” uns trinta metros para longe do avião. Mas imediatamente chegou o Corpo de Bombeiros, cuja preocupação maior foi a de isolar o fogo e, na medida do possível, retirar os corpos e os documentos (Folha de Londrina)”.

Santo do dia 27.09 - São Vicente de Paulo


São Vicente de Paulo sabia muito bem tirar dos ricos para dar aos pobres

“Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e espírito e amarás ao teu próximo como a ti mesmo” (Mat 22,37.39).
Se não foi o lema da vida deste santo, viveu como se fosse. O santo de hoje, São Vicente de Paulo, nasceu na Aquitânia (França) em 1581. No seu tempo a França era uma potência, porém convivia com as crianças abandonadas, prostitutas, pobreza e ruínas causadas pelas revoluções e guerras.
Grande sacerdote, gerado numa família pobre e religiosa, ele não ficou de braços cruzados mas se deixou mover pelo espírito de amor. Como padre, trabalhou numa paróquia onde conviveu com as misérias materiais e morais; esta experiência lhe abriu para as obras da fé. Numa viagem foi preso e, com grande humildade, viveu na escravidão até converter seu patrão e conseguiu depois de dois anos sua liberdade.
A partir disso, São Vicente de Paulo iniciou a reforma do clero, obras assistenciais, luta contra o jansenismo que esfriava a fé do povo e estragava com seu rigorismo irracional. Fundou também a “Congregação da Missão” (lazaristas) e unido a Santa Luísa de Marillac, edificou as “Filhas da Caridade” (irmãs vicentinas).
Sabia muito bem tirar dos ricos para dar aos pobres, sem usar as forças dos braços, mas a força do coração. Morreu quase octogenário, a 27 de setembro de 1660.
São Vicente de Paulo, rogai por nós!

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Santo do dia 26.09 - São Cosme e São Damião

 São Cosme e São Damião, levavam a muitos a saúde do corpo e da alma

Hoje, lembramos dois dos santos mais citados na Igreja: Cosme e Damião. Eram irmãos gêmeos, médicos de profissão e santos na vocação da vida. Viveram no Oriente e, desde jovens, eram habilidosos médicos. Com a conversão passaram a ser também missionários, ou seja, aproveitando a ciência com a confiança no poder da oração levavam a muitos a saúde do corpo e da alma.
Viveram na Ásia Menor, até que diante da perseguição de Diocleciano, no ano 300 da era cristã, foram presos pois eram considerados inimigos dos deuses e acusados de usar feitiçarias e meios diabólicos para disfarçar as curas. Tendo em vista esta acusação, a resposta deles era sempre:
“Nós curamos as doenças, em nome de Jesus Cristo e pelo Seu poder!”
Diante da insistência, quanto à adoração aos deuses, responderam: “Teus deuses não têm poder algum, nós adoramos o Criador do céu e da terra!”
Jamais abandonaram a fé e foram decapitados em 303. São considerados os padroeiros dos farmacêuticos, médicos e das faculdades de medicina.
São Cosme e São Damião, rogai por nós!

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Cursos de noivos em um fim de semana: ainda existe isso?



Há ainda bastante desconhecimento, mesmo com tanta informação objetiva, ou melhor, com diretrizes claras da Igreja

A resposta é sim, infelizmente. E o Papa Francisco também se mostra preocupado com essa situação, como vem demonstrando em pronunciamentos e também na exortação Amoris Laetitia ao pedir um “empenhamento maior na preparação” para o Matrimônio.
Mas, antes das queixas sobre o meu “infelizmente”, deixe-me explicar: não estou afirmando que palestras não sejam boas e que não promovam reflexão. Palestras bem fundamentadas e bem conduzidas motivam e instruem, com certeza. Digo “infelizmente” porque a Igreja orienta, há décadas, que esta não é a forma adequada para os “cursos de noivos”, mas isso continua acontecendo. Para assumirem um sacramento que é para toda a vida, é necessário uma reflexão tranquila, com mais tempo e em ambiente que favoreça a partilha. Já em 1978 o documento da CNBB comentava: “menos formal que o “curso de noivos”, esse catecumenato pode ser realizado nas casas, acompanhando cada casal de noivo ou agrupando vários”(Parágrafo 2.5, Doc 12, CNBB). Note que a expressão “curso de noivos” recebe aspas no próprio documento, fazendo certa crítica à ideia de curso.
De lá para cá, nestes 40 anos foram diversas as referências e recomendações bastante diretas sobre esta etapa da preparação em documentos de conselhos e dicastérios, dos bispos latino-americanos (Celam), em exortações, no Catecismo publicado em 1992 e em entrevistas e pronunciamentos dos Papas João Paulo II, Bento XVI e Francisco. Entre eles, destaco um documento inteiro dedicado ao assunto, de título Preparação para o Sacramento do Matrimônio, do Pontifício Conselho para a Família.  Não seria possível um título mais direto que este, assim como também não parece possível que os sacerdotes e agentes que tratam diretamente deste setor não conheçam tal documento. Mas em minhas viagens de formação por todo o Brasil, posso testemunhar que isso acontece, e muito. Este é um documento ainda desconhecido.
Talvez aí esteja o motivo que explica porque ainda existe, em muitas dioceses e paróquias, a oferta dos “cursos” de noivos que em três ou dois dias apresentam alguns dos temas mais relevantes da vida matrimonial. Alguns em um único dia…
Neste documento, Preparação para o Sacramento do Matrimônio, temos o enquadramento dos cursos de noivos como Etapa Próxima da preparação para o Matrimônio, afirmando que não deve se reduzir a uma formalidade, que merece tempo e cuidado necessários, que seja feito de encontros frequentes, que elementos da psicologia, medicina e outras ciências são úteis, mas o centro deve ser a doutrina natural e cristã sobre o Matrimônio e que os agentes sejam fiéis ao Magistério da Igreja. No mesmo documento, temos a descrição das etapas Remota e Imediata. Especialmente a etapa Imediata é também uma desconhecida, pois tem sido atropelada pela Próxima (cursos e encontros de noivos) feitos fora do tempo, às vésperas do casamento.
Além deste documento, muitos outros são enfáticos, como o Documento de Aparecida (2007) que pede “itinerários pedagógicos de fé” para a preparação próxima e a Amoris Laetitia (2016) que fala dos benefícios de se acompanhar com bom período de antecipação.
Os “cursos de noivos” deveriam ser, como nos recomenda São João Paulo II na Familiaris Consortio, uma catequese pré-matrimonial. No Brasil a partir da sugestão da Pastoral Familiar,  esta catequese é identificada como EPVM – Encontros de Preparação para Vida Matrimonial e possui um material de apoio para encontros semanais com os casais que se preparam (Matrimônio: Encontros de Preparação, André Parreira e Karina Parreira, Editora CNPF).
Há ainda bastante desconhecimento, mesmo com tanta informação objetiva, ou melhor, com diretrizes claras da Igreja. Mas há também quem prefira abrir mão da comunhão trilhando seus caminhos paralelos, afirmando não ser possível por este ou aquele motivo. Mas será que a Igreja nos recomenda algo impossível? E diante dos fatos não há argumentos. Conheço muitas dioceses e paróquias, sejam metrópoles, sejam cidades pequenas e até mesmo comunidades rurais a centenas de quilômetros da matriz que conseguem ofertar os EPVM em sintonia com a Igreja. Que perfil de paróquia não conseguiria?
A quarta das sete catequeses preparatórias para o Encontro Mundial de Famílias com o Papa, em Dublim, 2018, nos provoca reflexão: “Quanto acompanhamento e quanto discernimento os jovens casais conseguiram desfrutar antes de dar o grande passo de sua vida, que é o sacramento do matrimônio? Devemos começar a oferecer-lhes o que é devido.”
E ainda com esta bela e atual catequese, encerro esta reflexão: “Diante de toda essa grande riqueza de verdades extraordinárias do Evangelho e de diretrizes concretas e realistas de ordem pastoral, é necessário e fundamental perguntar-nos quanto tempo, quanto espaço e quantos recursos as nossas comunidades cristãs dedicam à pastoral pré-matrimonial e à matrimonial? É muito fácil responsabilizar inteiramente as muitas falhas matrimoniais nos ombros somente dos cônjuges.”

Santo do dia 25.09 - São Sérgio


São Sérgio irradiava a cultura e a verdadeira fé

“Contemplando a Santíssima Trindade, vencer a odiosa divisão deste mundo”.
Esta frase reflete a alma contemplativa do santo de hoje, São Sérgio, considerado o “São Bento” da Rússia cristã. Na antiga Rússia o Cristianismo penetrou por volta do século IX, sendo Vlademiro, o primeiro príncipe a se converter ao Cristianismo, isto em 1010.
A religião do Cristo esteve sempre na Rússia, ligada mais ao Oriente do que a Roma. Monge Sérgio, tornou-se o grande evangelizador do século XIV, pois através de numerosos mosteiros irradiava a cultura e a verdadeira fé.
Após deixar o declínio da vida monástica na Rússia, Sérgio experimentou, com seu irmão, a construção numa floresta virgem de uma capela dedicada à Santíssima Trindade, devoção desconhecida naquele povo.
O irmão não aguentou, mas com firmeza e santidade, o santo de hoje atraiu a muitos até que edificaram um mosteiro em louvor a Santíssima Trindade.
Ordenado sacerdote para o melhor exercício da vocação de formar os monges na fundamental regra da oração e do trabalho, viveu São Sérgio: os “filhos”, a pobreza, a mansidão e total confiança na Divina Providência.
São Sérgio escreveu tanto que é considerado o grande educador nacional do povo russo. Faleceu com quase 80 anos de idade em 25 de setembro de 1392 no mosteiro da Santíssima Trindade.
São Sérgio, rogai por nós!

terça-feira, 24 de setembro de 2019

Santo do dia 24.09 - São Geraldo

 Hoje, enriquecemos com a vida de santidade de São Geraldo, o primeiro mártir da Hungria

O santo de hoje nasceu em Veneza, em 980. Estudou em escola beneditina e teve uma ótima formação, que inclui o zelo pela salvação das almas. Abraçou a vida religiosa na Ordem Beneditina e em pouco tempo São Geraldo chegou ao serviço de abade do mosteiro.
Voltando de uma viagem à Terra Santa, passou pela Hungria e a pedido do rei assumiu a missão de evangelizar com seu grupo aquela nação. Combateu as idolatrias e o sagrado Bispo não deixava de recorrer e recomendar a Onipotência Suplicante da Virgem Maria.
Com a morte do rei, entrou a luta pelo poder e ele lutou pela paz onde reinava a discórdia. Um dos pretendentes não só era contra o Bispo, mas cultivava ódio pelo Cristianismo.
Numa viagem em socorro do povo com a fé ameaçada, São Geraldo foi preso e apedrejado até a morte pelos inimigos da fé, isto em 24 de setembro de 1046. Deixou escrito lindos testemunhos do religioso Bispo e fiel cristão, o qual tornou-se com a graça de Deus.
São Geraldo, rogai por nós!

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Casos Especiais na Amoris Laetitia: acolher, misericordiar, acompanhar, discernir e integrar

Cláudio Rodrigues e Maria do Rosário Silva
Antes de refletirmos sobre os aspectos teóricos e práticos da Exortação Apostólica Pós-Sinodal “Amoris Laetitia: sobre o amor na família”, referentes ao Setor Casos Especiais, faz-se importante resgatarmos a compreensão da caminhada da Pastoral Familiar, que desde o início abarca a família em sua situação real, em todos os aspectos e se dirige a todos os tipos de família, sem distinção: as regularmente constituídas como também as que se encontram em alguma situação de irregularidade. A todas, quaisquer que sejam a realidade e as circunstâncias em que se encontrem, a Igreja, por meio da Pastoral Familiar, deseja levar palavras e gestos de apoio, acolhida, orientação e conversão, sempre animada e impulsionada pelo espírito missionário do Bom Pastor. (Guia de Orientação para os Casos Especiais – CNBB- 2005).
O trabalho da Igreja junto aos divorciados e recasados, em todos os seus níveis (nacional, regional, diocesano e paroquial), tem como objetivo acolher e evangelizar os casais em segunda união, a fim de que eles não se sintam separados da Igreja. É necessário dar-lhes condições de refletirem sobre a sua situação e sobre o amor misericordioso de Deus, para integrá-los na comunidade paroquial, onde, como batizados, podem crescer na fé e no amor e devem participar da vida e da missão da Igreja. (DPF- 2005).
A Igreja, em comunhão, tem se debruçado sobre essas questões, a exemplo do Diretório Nacional da Catequese que contemplou essa urgência: “A catequese leve em conta também as pessoas que vivem em situação familiar canonicamente irregular. Partindo de sua situação, podem-se abrir portas para o engajamento, para a experiência de fé, para o serviço na comunidade, ajudando-os a aceitar e viver o amor em sua situação real. Na catequese com essas pessoas, muito pode auxiliar a Pastoral Familiar no setor da segunda união”. DNC, 211/2006.
Fazendo uma viagem pelo tempo, podemos confirmar que São João Paulo II foi o primeiro Papa a dar início a uma pastoral de acolhida misericordiosa aos irmãos em “situações irregulares”, há quase 37 anos, quando da publicação, no dia 22 de novembro de 1981, da Exortação Apostólica “Familiaris Consortio: sobre a missão da família cristã no mundo hoje” e depois, em 1984, com a Exortação Reconciliatio et Paenitentia: sobre a reconciliação e a penitência na missão da Igreja hoje”. Toda orientação pastoral tem pisado em terreno consistente, à luz da Palavra de Deus e do Magistério da Igreja.
Há duas passagens importantes de São João Paulo II que nos dão pistas para uma proposta firme. Primeiramente, São João Paulo II afirma:
Juntamente com o Sínodo, exorto vivamente os pastores e a inteira comunidade dos fiéis a ajudar os divorciados, promovendo com caridade solícita que eles não se considerem separados da Igreja, podendo, e melhor devendo, enquanto batizados, participar na sua vida. Sejam exortados a ouvir a Palavra de Deus, a frequentar o Sacrifício da Missa, a perseverar na oração, a incrementar as obras de caridade e as iniciativas da comunidade em favor da justiça, a educar os filhos na fé cristã, a cultivar o espírito e as obras de penitência “para assim implorarem, dia a dia, a graça de Deus”. (FC, 84)

Segundo, ele oferece uma sólida orientação pastoral: “a Igreja não pode mais do que convidar os seus filhos, que se encontram nessas situações dolorosas, a aproximarem-se da misericórdia divina por outras vias, mas não pela via dos Sacramentos, especialmente da Penitência e da Eucaristia”. (RP, 34)
Também Bento XVI, em sua Exortação Apostólica “Sacramentum caritatis”: sobre a Eucaristia, fonte e ápice da vida e da missão da Igreja”, em 2007, completa com preciosos conselhos “a cultivar, quanto possível, um estilo cristão de vida… a adoração eucarística, da oração… o diálogo franco com um sacerdote ou um mestre de vida espiritual…” (SC, 29) e “cultivar o desejo da plena união com Cristo, por exemplo, através da prática da comunhão espiritual” (SC, 55).
Papa Francisco, no início de seu pontificado, nos motivou a refletir sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual, na Exortação Apostólica “Evangelli Gaudium”, no encerramento do Ano da Fé, em 24/11/13: “Convido todo o cristão, em qualquer lugar e situação que se encontre, a renovar hoje mesmo o seu encontro pessoal com Jesus Cristo ou, pelo menos, a tomar a decisão de se deixar encontrar por Ele, de O procurar dia a dia sem cessar. Não há motivo para alguém poder pensar que este convite não lhe diz respeito, já que ‘da alegria trazida pelo Senhor ninguém é excluído’”.
Já no ano de 2015, com a Bula de proclamação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia (“Misericordiae Vultus”) Papa Francisco, além de nos motivar a continuarmos firmes na participação da vida da Igreja, como vimos nos documentos acima, guiou-nos e convidou-nos com sabedoria a passar pela Porta Santa, quando afirmou que “a Porta Santa é “uma Porta da Misericórdia, onde qualquer pessoa que entre poderá experimentar o amor de Deus que consola, perdoa e dá esperança” (MV, 3). Os casais em “situação irregular”, convidados a participar da vida da Igreja podem se aproximar da Divina misericórdia “por outras vias”, e a participação do Ano Santo foi uma destas vias.
O Setor Casos Especiais, da Pastoral Familiar, realiza um trabalho pastoral de misericórdia e de acolhida fraterna, mas não pode sacrificar a verdade. A verdade por si mesma é misericórdia, pois ela liberta e salva: “Se permanecerdes na minha Palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos e conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”, disse Jesus (Jo 8, 31-32), por conseguinte são atribuições desse setor cada dia mais urgente e exigente: acompanhar as diferentes realidades das famílias de migrantes, mães e pais solteiros, famílias com filhos deficientes; filhos envolvidos com drogas; famílias distanciadas da Igreja; matrimônios mistos; atenção especial aos idosos; viúvos; casais em segunda união; separados sem nova união; pessoas com tendência homossexual; alcoolismo, etc.
Fomos presenteados pelo papa Francisco, em 19 de março de 2016, dia em que celebramos São José, o padroeiro das famílias, com a Exortação Apostólica Pós- Sinodal “Amoris Laetitia” e o capítulo VI, com o título Algumas Perspectivas Pastorais, trata, entre outros, do acompanhamento das pessoas abandonadas, separadas ou divorciadas. Coloca-se em relevo o sofrimento dos filhos nas situações de conflito e conclui-se: “O divórcio é um mal, e é muito preocupante o aumento do número de divórcios, por isso, sem dúvida, a nossa tarefa pastoral mais importante relativamente às famílias é reforçar o amor e ajudar a curar as feridas, para podermos impedir o avanço deste drama do nosso tempo”. (AL, 246)
A necessidade de tornar mais acessíveis e ágeis os procedimentos para o reconhecimento dos casos de nulidade, levaram o Santo Padre a publicar dois documentos sobre a matéria, antes mesmo da Amoris Laetitia. Favorecer “não a nulidade dos matrimônios, mas a rapidez dos processos” – é o pilar da Carta Motu Proprio do Papa Francisco, intitulada “Mitis Iudex Dominus Iesus” (O Senhor Jesus, manso e humilde) divulgada no dia 8 de setembro de 2015, sobre a reforma do processo canônico para as causas de declaração de nulidade no Código de Direito Canônico. O documento deixa completamente a salvo o princípio da indissolubilidade do vínculo matrimonial, o que se deseja é mais celeridade dos processos, a fim de que, por causa da demora da decisão do juiz, o coração dos fiéis que aguardam esclarecimento de sua situação não mergulhe por muito tempo nas trevas. É uma verdadeira guinada pastoral, não se trata apenas de saber se o matrimônio anterior foi ou não válido, mas de se oferecer acompanhamento pastoral às pessoas nessas circunstâncias.
A aplicação desse documento é uma grande responsabilidade para os ordinários diocesanos, chamados eles próprios a julgar algumas causas e a garantir, de todos os modos possíveis, um acesso mais fácil dos fiéis à justiça. Isto implica a preparação de pessoal suficiente, composto por clérigos e leigos, que se dedique de modo prioritário a este serviço eclesial. Por conseguinte, será necessário colocar à disposição das pessoas separadas ou dos casais em crise um serviço de informação, aconselhamento e mediação, ligado à Pastoral Familiar, que possa também acolher as pessoas tendo em vista a investigação preliminar do processo matrimonial.
A preocupação pela salvação das almas permanece hoje como ontem a lei suprema da Igreja, conforme estabelece o c. 1752, último cânone do nosso Código de Direito Canônico, que precisa urgentemente ser mais divulgado e conhecido.
Voltando à Amoris Laetitia, ela fala de fato a linguagem da experiência e da esperança. Muitos são os desafios pela frente, precisamos seguir confiantes, com coragem e ousadia. Somos convidados a sair da zona de conforto, da comodidade, descruzar os braços, calçar as sandálias e sair ao encontro dos irmãos, principalmente dos feridos e machucados.
Desenvolver serviços, criar espaços de acolhimento, ousar, conceber meios de formação e capacitação, inventar modos de dialogar e propor ideais do Evangelho de Jesus Cristo às famílias atuais, oferecer amplo acesso à justiça eclesiástica, ampliar os meios para o discernimento das situações irregulares, das marcas e das feridas, eis o nosso chamado.

As pessoas divorciadas que não voltaram a se casar (que são muitas vezes testemunhas da fidelidade matrimonial) devem ser encorajadas a encontrar na Eucaristia o alimento que as sustente no seu estado.” AL, 242
“Os batizados que se tenham divorciado e se voltaram a casar civilmente devem ser mais integrados na comunidade cristã”, nas diversas formas possíveis, evitando qualquer ocasião de escândalo”. “A sua participação pode expressar em diferentes serviços eclesiais […], o convite à misericórdia e o discernimento pastoral devem permear nossa ação missionária, “frequentemente, a tarefa da Igreja se assemelha à de um hospital de campanha” (AL, 291)”.
É importante fazer-lhes sentir que fazem parte da Igreja, que “não estão excomungadas”, nem são tratadas como tais, porque sempre integram a comunhão eclesial. Estas situações exigem um atento discernimento e um acompanhamento com grande respeito, evitando qualquer linguagem e atitude que as faça sentir discriminadas e promovendo a sua participação na vida da comunidade.
“Cuidar delas não é, para a comunidade cristã, um enfraquecimento da sua fé e de seu testemunho sobre a indissolubilidade do matrimônio; antes, ela exprime precisamente neste cuidado a sua caridade.” (AL, 243)
No debate eclesial e na opinião pública houve um grande interesse sobre uma questão concreta, que não é certamente aquela mais importante do ponto de vista pastoral: a eventual admissão à Eucaristia aos divorciados em nova união civil.
De fato, como o próprio Papa Francisco fez notar, não era este o problema central do último Sínodo da Família; basta pensar nos grandes desafios da Igreja acerca da família no contexto da atualidade, o fato de que os jovens se casam sempre menos; a perda do papel social do matrimônio; as novas ideologias que ameaçam a família; mas, sobretudo e em primeiro lugar, a grande missão de levar Cristo a todas as famílias numa nova evangelização…
Jesus é o “Bom Pastor” e não exclui ninguém, Ele se ofereceu por todas as pessoas, sem exceção, e não ficariam de fora, no trabalho do setor Casos Especiais, famílias que vivem a experiência de ter no seu seio pessoas com tendência homossexual, experiência não fácil nem para os pais nem para os filhos. Por isso, devemos, enquanto Igreja, reafirmar que cada pessoa, independentemente da própria orientação sexual, deve ser respeitada na sua dignidade e acolhida com respeito, procurando evitar qualquer sinal de discriminação injusta e particularmente toda a forma de agressão e violência. Todos devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. A Igreja deve assegurar a essas famílias “um respeitoso acompanhamento”.
É evidente então, que o papa Francisco, insistindo na importância do princípio da sinodalidade na Igreja, não quis ir além das decisões sinodais. É afirmado com clareza que, mesmo depois da Amoris Laetitia admitir à comunhão os divorciados “recasados”, excetuando as situações previstas pela Familiaris Consortio, 84, e pela Sacramentum Caritatis, 29, significa ir contra a disciplina da Igreja, e ensinar que é possível admitir à comunhão os divorciados “recasados”, indo além destes critérios, é ir contra o Magistério da Igreja.
Então, a Palavra de Deus “não se apresenta como uma sequência de teses abstratas, mas como uma companheira de viagem, mesmo para as famílias que estão em crise ou imersas nalguma tribulação, mostrando-lhes a meta do caminho” (AL, 22).
A principal contribuição da Pastoral Familiar é oferecida pela paróquia, onde estão as forças vivas, família de famílias, onde se harmonizam as contribuições de pequenas comunidades, movimentos e associações eclesiais, onde se dá o anúncio e proclamação da boa notícia de Jesus, que convida e oferece caminhos de esperança a todos e não rejeita ninguém, faz tudo que está ao seu alcance e possibilidades.
É um trabalho com características próprias, que deve caminhar devagar, sem pressa, com responsabilidade, compromisso e dedicação, pois é um fazer missionário exigente, de busca de cura de muitas feridas, marcas profundas, chagas e mágoas.
Papa Francisco convida os fiéis que vivem situações complexas, a aproximarem-se com confiança para falar com os seus pastores ou com leigos qualificados; pode ser que nem sempre encontrarão neles, segundo o Papa, uma confirmação das próprias ideias ou desejos, mas, seguramente, receberão uma luz que lhes permita compreender melhor o que está a acontecer e poderão descobrir um caminho de amadurecimento pessoal. (AL 312)
Que bela missão tem os Senhores Bispos e Presbíteros, que agindo in persona Christi, através do múnus de ensinar, conduzem suas ovelhas e as orienta a observar tudo o que o Senhor ordenou, são eles, como pastores de almas, os responsáveis por acompanhar as pessoas interessadas pelo caminho do discernimento segundo a doutrina da Igreja e as orientações do bispo diocesano, em sua igreja particular. Para se chegar a um juízo correto sobre cada caso não abandonam as exigências evangélicas de verdade e de caridade propostas pela Igreja; julgam com humildade, privacidade, amor à Igreja e à sua doutrina, buscando a vontade de Deus, desejando chegar a uma resposta mais perfeita a essa vontade. A Igreja possui uma sólida reflexão sobre os condicionamentos e as circunstâncias atenuantes. Nem todos os que estão numa situação chamada “irregular” vivem em estado de pecado mortal, privados da graça santificante.
Há fatos que limitam a capacidade de decisão da pessoa, razão pela qual a lógica da misericórdia pastoral deve ser sempre exercitada: a compreensão pelas situações excepcionais não implica jamais esconder a luz do ideal mais pleno, nem propor menos de quanto Jesus oferece ao ser humano; hoje, mais importante do que uma pastoral dos falimentos é o esforço pastoral para consolidar os matrimônios e, assim, evitar as rupturas.
Não podemos desenvolver uma moral fria de escritório para temas tão delicados, mas realizar um discernimento pastoral cheio de amor misericordioso, que sempre se inclina para compreender, perdoar, acompanhar, esperar e, sobretudo integrar.

Papa Francisco tem nos ensinado que a misericórdia de Deus é “infinitamente maior do que o nosso pecado”, porque o Senhor “nos primeireia”, “antecipa-se a nós, nos espera” com o seu perdão, com a sua graça. Quem se descobre “doente na alma”, de fato, deve encontrar portas abertas, não fechadas; acolhida, não julgamento ou condenação; ajuda, não marginalização. Com a misericórdia, Deus vai além da justiça, “a engloba e a supera” no amor. “Se se tem em conta a inumerável diversidade de situações concretas […] pode compreender-se que não deveria esperar-se do Sínodo, ou desta exortação, um novo normativo geral de tipo canônico, aplicável a todos os casos.” (AL 300)
Embora a Igreja reconheça que toda a ruptura do vínculo matrimonial “é contra a vontade de Deus, está consciente também da fragilidade de muitos dos seus filhos”, por isso, dirige-se com amor àqueles que participam na sua vida de modo incompleto, reconhecendo que a graça de Deus também atua nas suas vidas.
No parágrafo conclusivo da Amoris Laetitia o Romano Pontífice afirma: “Nenhuma família é uma realidade perfeita e confeccionada duma vez para sempre, mas requer um progressivo amadurecimento da sua capacidade de amar”. (…).
As ideias chaves dessa belíssima Exortação podem ser percebidas, com clareza, na proposta de renovação pastoral, vivenciando os verbos que nos motivam à ação: acolher, misericordiar, acompanhar, discernir e integrar. Caminhar é preciso…

Santo do dia 23.09 - São Pio de Pietrelcina




São Pio de Pietrelcina buscava por meio do sacramento aliviar os sofrimentos atrozes do coração de seus fiéis

Este digníssimo seguidor de S. Francisco de Assis nasceu no dia 25 de maio de 1887 em Pietrelcina (Itália). Seu nome verdadeiro era Francesco Forgione. Ainda criança era muito assíduo com as coisas de Deus, tendo uma inigualável admiração por Nossa Senhora e o seu Filho Jesus, os quais via constantemente devido à grande familiaridade. Ainda pequenino havia se tornado amigo do seu Anjo da Guarda, a quem recorria muitas vezes para auxiliá-lo no seu trajeto nos caminhos do Evangelho.
Conta a história que ele recomendava muitas vezes as pessoas a recorrerem ao seu Anjo da Guarda estreitando assim a intimidade dos fiéis para com aquele que viria a ser o primeiro sacerdote da história da Igreja a receber os estigmas do Cristo do Calvário. Com quinze anos de idade entrou no Noviciado da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos em Morcone, adotando o nome de “Frei Pio” e foi ordenado sacerdote em 10 de agosto de 1910 na Arquidiocese de Benevento. Após a ordenação, Padre Pio precisou ficar com sua família até 1916, por motivos de saúde e, em setembro desse mesmo ano, foi enviado para o convento de São Giovanni Rotondo, onde permaneceu até o dia de sua morte.
Abrasado pelo amor de Deus, marcado pelo sofrimento e profundamente imerso nas realidades sobrenaturais, Padre Pio recebeu os estigmas, sinais da Paixão de Jesus Cristo, em seu próprio corpo. Entregando-se inteiramente ao Ministério da Confissão, buscava por meio desse sacramento aliviar os sofrimentos atrozes do coração de seus fiéis e libertá-los das garras do demônio, conhecido por ele como “barba azul”.
Torturado, tentado e testado muitas vezes pelo maligno, esse grande santo sabia muito da sua astúcia no afã de desviar os filhos de Deus do caminho da fé. Percebendo que não somente deveria aliviar o sofrimento espiritual, recebeu de Deus a inspiração de construir um grande hospital, conhecido como “Casa Alívio do Sofrimento”, que se tornou uma referência em toda a Europa. A fundação deste hospital se deu a 5 de maio de 1956.
Devido aos horrores provocados pela Segunda Guerra Mundial, Padre Pio cria os grupos de oração, verdadeiras células catalisadoras do amor e da paz de Deus, para serem instrumentos dessas virtudes no mundo que sofria e angustiava-se no vale tenebroso de lágrimas e sofrimentos. Na ocasião do aniversário de 50 anos dos grupos de oração, Padre Pio celebrou uma Missa nesta intenção. Essa Celebração Eucarística foi o caminho para o seu Calvário definitivo, na qual entregaria a alma e o corpo ao seu grande Amor: Nosso Senhor Jesus Cristo; e a última vez em que os seus filhos espirituais veriam a quem tanto amavam.
Era madrugada do dia 23 de setembro de 1968, no seu quarto conventual com o terço entre os dedos repetindo o nome de Jesus e Maria, descansa em paz aquele que tinha abraçado a Cruz de Cristo, fazendo desta a ponte de ligação entre a terra e o céu.
Foi beatificado no dia 2 de maio de 1999 pelo Papa João Paulo II e canonizado no dia 16 de junho de 2002 também pelo saudoso Pontífice. Padre Pio dizia: “Ficarei na porta do Paraíso até o último dos meus filhos entrar!”
São Pio de Pietrelcina, rogai por nós!

Santo do dia 22.09 - São Maurício e companheiros mártires





São Maurício e companheiros mártires, faziam parte da tropa dos valentes guerreiros e mártires do Senhor

Hoje Roma, muitas vezes é chamada de Cidade Eterna, onde encontramos a Cátedra de São Pedro, ocupada pelo atual Papa Francisco.
Roma é considerada pelos católicos como sinal visível do Sacramento Universal da Salvação, a Igreja; porém, para que isto ocorresse, muitos mártires deram a vida para “comprarem” com o sangue a vitória do Cristianismo sobre o Império Romano, que em 381 dobrou os joelhos diante do verdadeiro Deus e verdadeiro homem: Jesus Cristo.
São Maurício e companheiros faziam parte da tropa dos valentes guerreiros e mártires do Senhor, que estiveram envolvidos no massacre da Legião Tebana. O imperador Diocleciano, precisando combater as tropas que ameaçavam o Império no Oriente, foi ao amigo Maximiano para que o mesmo organizasse um forte exército. Tendo feito progresso, o imperador mandou que o exército parasse para descansar e oferecer sacrifícios aos deuses em sinal de agradecimento.
Imediatamente os soldados cristãos se opuseram a tal ordem: “Somos teus soldados e não menos servidores de Deus. Sabemos perfeitamente a nossa obrigação como militares, mas não nos é lícito atraiçoar o nosso Deus e Senhor. Estamos prontos a obedecer a tudo que não contrarie a lei de Jesus Cristo.”
Começaram a matar parte deste grupo e o oficial Maurício com seus companheiros foram os que mais se destacaram pois acolheram, por amor e fé em Jesus Cristo, a palma do martírio, dando assim, o mais perfeito testemunho.
Providencialmente, ou seja, como sinal da grande fidelidade destes cristãos, o local à beira do Rio Ródano ficou conhecido como Martigny, nome que deriva de mártir. Este fato ocorreu por volta do ano 286, e é certo que no século seguinte foi elevada uma basílica no lugar da execução e que, no ano 520, Sigismundo, rei da Borgonha, construiu lá um mosteiro que subsiste ainda e deu origem à cidade de São Maurício na Suíça.
São Maurício e companheiros, rogai por nós!