A Sexta-feira Santa é um dos momentos mais solenes e profundos do calendário cristão. É o dia em que a Igreja faz memória da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo na cruz, o ápice do amor de Deus pela humanidade. Um dia de silêncio, recolhimento, jejum e oração, em que os fiéis são chamados a meditar sobre o mistério da cruz e a redenção operada por Cristo.
O Significado da Sexta-feira Santa
Na Sexta-feira Santa, não celebramos a Eucaristia, pois é o único dia do ano em que não se celebra a Missa. O altar permanece desnudado, sem toalhas, flores ou velas, em sinal de luto e despojamento. A cor litúrgica é o vermelho, símbolo do sangue derramado por Cristo.
É um dia de profundo recolhimento interior, em que somos convidados a acompanhar, com o coração contrito, os passos de Jesus rumo ao Calvário. A cruz não é vista como derrota, mas como vitória do amor sobre o pecado e a morte.
Ritos e Celebrações da Sexta-feira Santa
A principal celebração deste dia é a Ação Litúrgica da Paixão do Senhor, geralmente realizada à tarde, por volta das 15h — a hora em que, segundo os Evangelhos, Jesus expirou na cruz. Esta celebração é composta por três partes:
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Liturgia da Palavra: com destaque para a leitura da Paixão segundo São João, que narra com detalhes a entrega de Jesus.
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Oração Universal: orações solenes por toda a humanidade — pela Igreja, pelos governantes, pelos não cristãos, pelos que sofrem, pelos judeus, etc.
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Adoração da Santa Cruz: momento em que a cruz é apresentada à assembleia e todos são convidados a venerá-la com reverência.
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Comunhão Eucarística: embora não haja consagração, os fiéis comungam com hóstias consagradas na Missa da Ceia do Senhor, na Quinta-feira Santa.
O Jejum e a Abstinência
A Sexta-feira Santa é, junto com a Quarta-feira de Cinzas, um dos dois dias obrigatórios de jejum e abstinência para os católicos. O jejum consiste em fazer apenas uma refeição completa ao longo do dia, e a abstinência é a renúncia ao consumo de carne.
Mais do que uma obrigação, o jejum é um gesto de penitência e união com o sacrifício de Cristo. Também é uma forma de purificação interior, que abre o coração para a oração e o amor ao próximo.
Como Viver Bem a Sexta-feira Santa
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Silêncio e Recolhimento: Evite barulhos, festas, redes sociais e distrações. É um dia para o silêncio interior e exterior.
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Participar da Celebração da Paixão: Se possível, esteja presente na Ação Litúrgica da Paixão e Adoração da Cruz em sua paróquia.
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Meditar a Via-Sacra: A devoção da Via-Sacra nos ajuda a acompanhar os passos de Jesus até o Calvário.
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Rezar em Família: É um dia especial para se reunir com os entes queridos e fazer orações em comum, como o Terço da Misericórdia às 15h.
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Caridade e Misericórdia: Pratique um gesto concreto de amor e misericórdia, como uma visita a um doente, uma doação ou uma palavra de consolo a alguém que sofre.
A Cruz: Mistério de Dor e de Glória
Na Sexta-feira Santa, olhamos para a cruz com gratidão e fé. Cristo não fugiu do sofrimento. Ele o assumiu por amor. A cruz é, ao mesmo tempo, o trono da humilhação e da exaltação, o lugar da morte e o sinal da vida. É a resposta de Deus ao mal do mundo: não com violência, mas com amor extremo.
São João Paulo II dizia:
"Na cruz, Deus se inclina sobre o homem para não deixá-lo só em seu sofrimento. A cruz é o sim de Deus ao homem, é o sinal de um amor que não recua nem diante da morte."
Conclusão: A Sexta-feira Santa nos prepara para a Páscoa
Viver a Sexta-feira Santa com fé é preparar o coração para acolher a luz da Ressurreição. A dor da cruz não é o fim, mas o caminho para a vitória do amor. Que possamos, neste dia santo, nos unir a Jesus Crucificado com o coração contrito, renovado e cheio de esperança.
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