sexta-feira, 5 de abril de 2013

FÉ NA RESSURREIÇÃO

Palavra do Bispo Dom Orlando Brandes


Se Jesus não ressuscitou é vã a nossa fé escreve Paulo Apóstolo (ICor 15, 14). Tudo é vão sem a ressurreição. A Igreja seria apenas uma empresa, o evangelho uma invenção de espertos, Jesus de Nazaré nada mais que um mito e a morte apenas morte. Sem a ressurreição, a oração é palavrório, as cerimônias religiosas um teatro aborrecedor, a caridade não passaria de uma espécie de filantropia.
O cristianismo sobrevive graças à ressurreição. A fé cristã fica de pé ou cai com a verdade da ressurreição. Jesus seria uma personalidade religiosa fracassada e nós ficaríamos abandonados a nós próprios. Somente porque Jesus ressuscitou é que aconteceu algo de verdadeiramente novo, que muda a situação Jesus é critério de tudo no qual podemos confiar.
Que Jesus tenha existido no passado e que exista no presente depende da ressurreição. Bem sabemos que a ressurreição não é reanimação de um cadáver como foi o caso do jovem Naim, da filha de Jairo, de Lázaro. A ressurreição de Jesus é algo totalmente diverso, ou seja, ele vive uma vida que não é sujeita à lei do morrer. Isso significa que Jesus ressuscitado não voltou para esta vida histórica na carne, mas, entrou na vida eterna, inaugurando uma nova dimensão da existência humana, uma mutação decisiva, um salto de qualidade.
Jesus ressuscitado já não pertence ao nosso mundo. Estamos diante de um fato único, inédito, original, surpreendente. “Se acreditares que Jesus ressuscitou, serás salvo” (cf Rm 10,9). Foi a experiência com Jesus ressuscitado que transformou, arrebatou e conquistou Paulo Apóstolo. Só a ressurreição é que explica a radicalidade da fé dos mártires e o prodígio da vida dos santos. A Igreja vive da ressurreição. O Ressuscitado está entre nós, vivo e atuante na Eucaristia, na Palavra e nos nossos irmãos. Onde dois ou três se reúnem em seu nome, ali está Jesus Ressuscitado.
Foi a ressurreição que levou os cristãos a renunciarem ao sábado e à sua substituição pelo domingo. Por isso, a celebração do Dia do Senhor é uma das provas mais fortes de que em tal dia aconteceu algo de extraordinário: o sepulcro está vazio e o Senhor ressuscitado vem aos encontros dos apóstolos e de outras pessoas. Ser cristão significa essencialmente ter fé no ressuscitado. Respeitar o domingo é um ato de fé na ressurreição.
No principio está a ressurreição, isto é, no princípio do cristianismo. Tudo subsiste graças à ressurreição, do contrário, tudo se espatifa, fracassa, desaparece. Todas as verdades da fé cristã dependem da ressurreição. Jesus, o evangelho, a Igreja, a verdade, o bem, o futuro, a esperança. A ressurreição é o princípio da nova criação, de um novo começo, de uma nova história. Se a ressurreição fosse apenas uma especulação, uma invenção, uma experiência mística, seríamos dignos de lástima.
A morte não venceu, foi vencida. O crucificado está vivo. Venceu a vida. Jesus é o primeiro e o último, é aquele que, vive “o vivente”. Se Jesus ressuscitou, os mortos também ressuscitarão. Eis a dimensão universal da ressurreição. Desde o batismo já estamos ressuscitando, entramos num processo de ressurreição que se aprofunda cada vez mais com a prática do bem, a oração, a recepção dos sacramentos, a conversão do coração, as provações da fé. Só nos resta ser testemunhas da ressurreição através dos gestos de amor, de alegria, da defesa da vida.
Corações ao alto há um futuro. A vida plena, a eternidade, o céu, a esperança não são fantasias, mas, a mais inaudita, real e boa noticia. Da verdade brota a missão, a evangelização, a transmissão da fé. Tudo tem sentido e valor.

Dom Orlando Brandes

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