sábado, 29 de dezembro de 2012

NATAL DA FÉ

Palavra do Bispo Dom Orlando Brandes

Soam festivos os sinos do Santo Natal. As luzes brilham,  hinos são cantados nas Igrejas e praças, casas e escolas, fazendo ressoar a sinfonia do amor de Deus. As pessoas e famílias se confraternizam. Tudo canta de alegria porque transborda em toda a terra o amor de Deus. O encanto do Natal nos faz mais afáveis, benévolos, alegres, comunicativos. Cantar “Noite Feliz” é confessar o encontro com a felicidade.
Diante do presépio cessa a razão e fala o coração. Belém é o centro das atenções. O Menino Jesus faz renascer em nós a inocência, a ternura, a cordialidade, a jovialidade. Apareceu a bondade de Deus. Ele vem purificar nossas estrebarias interiores, enriquecer-nos com sua pobreza, humanizar-nos com sua encarnação, atrair-nos com sua simplicidade, ensinar-nos a ser pequenos. A manjedoura é uma verdadeira cátedra de teologia, espiritualidade e humanismo.
O mínimo que devemos fazer é acolher e acreditar no Menino e transmitir para nossos filhos a fé, os ensinamentos, as obras de Jesus de Nazaré. O Natal transforma as feridas em bênçãos, os desencontros em encontros, os desafetos em simpatia, os muros em pontes, as desilusões em certezas. Natal é renascer, recomeçar, rejuvenescer. Jesus faz novas todas as coisas.
A manjedoura é o trono da fé. Maria é proclamada feliz porque acreditou na Palavra de Deus. José, manifesta sua fé na obediência, no silencio, nas provações. Os pastores, graças à fé, correm pressurosos até Belém, encontram o Menino e voltam para casa contando tudo o que viram e ouviram. Os magos põem-se a caminho, procuram a nova luz, abandonam a magia, vencem as trevas e se prostram em adoração diante do verdadeiro rei. A luz da fé resplandece no presépio.
Animais, homens, anjos e Deus estão reconciliados na manjedoura. Eis o paraíso recriado. Chegou a paz na terra e a glória de Deus se irradia, convidando-nos a  viver em harmonia conosco mesmos, com os outros, com o cosmos e  com o Criador. Natal é confraternização, reconciliação, globalização do amor e da verdade. Em Jesus de Nazaré temos a verdade que liberta, a estrada correta, o mundo reconciliado, o reino iniciado.
Não esqueçamos que Deus nos diz no presépio: Estou aqui porque te amo, tu és minha alegria e contentamento, meu coração se comove de amor por ti, sinto ciúmes de ti, carrego os teus fardos, confio e creio em ti. “No presépio pequenino, Deus é nosso irmão” (Cântico Natalino). Deus nos espera em Belém. Outro cântico diz: “a noite se iluminou, o céu se vestiu de luz, os anjos cantaram glória quando nasceu Jesus”. Deus toca nosso coração porque esta é a porta da fé e da razão.
Deixemo-nos envolver pela ternura e pela interpelação do Natal. Este mistério só é compreendido de joelhos, em adoração e na homenagem da fé. Oh vinde, adoremos o Salvador. Que o “século do medo”, se transforme em “século da fé”. Cessem as palavras, fale o silêncio. Silencie o racionalismo e gritem os sentimentos.  Páre o consumismo e renasça a oração. Diminua a arrogância e transborde a simplicidade. Deus desce, eleve-se o ser humano. Deus chegou na periferia para estar no centro e a todos salvar.
Deus se desdobra em carinho e cuidados por nós. O Deus frágil nascido em Belém quer preencher o nosso vazio, levar-nos a aceitar nossas fragilidades, conceder-nos o dom da humildade, enfim, aceitar-nos como somos, ou seja, limitados, incompletos, frágeis. Deus ama o nosso eu real e trabalha nosso barro com mãos de artista. O Menino de Belém quer curar a criança que está em nós. Com o coração de criança estaremos no coração do reino de Deus.

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