segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Palavra do Arcebispo - Dom Orlando Brandes

Palavra do Bispo Dom Orlando Brandes

CINCO REPRESSÕES

Descobrir e aceitar nossos pontos fracos é sabedoria e bom senso. Nossas feridas são também chance de autoconhecimento e de compaixão com todos os feridos da terra. Quais são as cinco repressões mais comuns? Além das repressões sociais temos outras a nível pessoal. Vejamos.
1.     A repressão da agressividade. Não sabemos lidar adequadamente com a raiva, a agressividade, a irritação e a impaciência. Às vezes gritamos, outras vezes reprimimos estas emoções que depois elas explodem. Ter raiva não é uma culpa, é uma emoção. Não explodir e não reprimir a raiva exige então compreender os outros, admitir nossas fraquezas e usar o desabafo, o diálogo, a oração, o esporte como sublimação.
2.     Repressão da sexualidade. Outro impulso forte é o desejo sexual, o prazer, a pulsão instintiva. Extravasar na liberação total nos desagrega, mas reprimir também não é saudável. Temos outros caminhos: a sublimação na religião, na arte, na cultura. Buscar outros prazeres e alegrias, realizar-se no bem, na doação de si. O perdão, a oração, o altruísmo, a arte, o esporte, resolvem muito problemas de sexo. O remédio principal está em saber receber e dar afeto.
3.     Repressão do feminino. Tanto homens como mulheres sofremos a dificuldade de lidar com lado feminino que é ternura, o afeto, a doçura, a simpatia, a jovialidade, a gratidão, como também desabafar emoções, falar sentimentos, chorar, aceitar os elogios, receber e dar carinho, nem sempre é fácil. Sofremos com o machismo, a rigidez, o fechamento e enfeminações porque não sabemos lidar com nosso lado materno, cordial e feminino que é onipresente. Afetividade e sentimentos precisam ser aceitos e ordenados.
4.     Repressão da criatividade. Cada um de nós é original, único, individuo. Temos dons, qualidades, originalidades, mas a tendência para baixa-estima, negativismo, embotamento de nossa originalidade, criatividade, potencialidade é constante. Costumamos dizer: “Deixa pra lá, os outros fazem bem melhor, não adianta, pois eu sou assim mesmo”, etc. reprimimos soluções, dons, criatividades. Escondemos a luz que está em nós. Nada melhor que a positividade, a auto aceitação, a consciência de nossa missão, e, a auto-estima.
5.     Repressão da espiritualidade. Aos poucos vamos deixando de rezar,  temos medo de ser diferentes dos outros, imitamos os maus exemplos para não sermos criticados, abandonamos nossa religiosidade, nossa fé, nossa religião e reprimimos nossa vida interior, mística, espiritual. Reprimir o desejo e a saudade de Deus que está em nós é adoecer. Sufocar a espiritualidade, a transcendência, leva-nos a optar pelo barulho, ativismo, álcool, sexo, droga para espantar a solidão e o vazio interior. Outros caem no misticismo barato. Pagamos alto preço pela repressão de algo tão natural a nós: a alma, o espírito, a morte, Deus, a oração, o sentido da vida. Neste assunto, o caminho da cura é voltar a Deus e à espiritualidade.
Nossas repressões mal trabalhadas estimulam excessos em nossas vidas. De um lado, o excesso da permissividade, do liberalismo, do erotismo como compensação. O excesso oposto, constitui em vivermos protegidos pela couraça do moralismo, do medo, do misticismo exacerbado. Não é fácil trabalhar, curar, ordenar nosso “ego” muitas vezes ferido.
Necessitamos de humildade e realismo para procurar e aceitar ajuda e assim conquistar a paz, o equilíbrio, o bom senso, a liberdade com responsabilidade. Diálogo, terapia, boas amizades, direção espiritual, leituras são portas de libertação
Dom Orlando Brandes

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